Curso de Política – Escola de Política Dorival Macedo

ESCOLA DE POLÍTICA DORIVAL MACEDO – GRUPO CRÍTICA SOCIAL

Introdução; Justificativa; Objeto de Estudo; Objetivos do Estudo; Metodologia; Duração dos seminários; Conteúdo Programático; Carga Horária; Publicação; Organização Interna da ESCOLA DE POLÍTICA; Proposta de Cronograma; Referência Bibliográfica utilizada nesta Proposta

Introdução
O Grupo de pesquisa e atuação política CRÍTICA SOCIAL, com sede em Mogi das Cruzes, propõe a criação da Escola de Política.
Trata-se de um conjunto de seminários organizados em forma de blocos de minicursos, que apresentam um panorama bem aprofundado e desenvolvido acerca da Política, como problema a ser apreendido pela crítica teórica, em que se coloca nas diversas formas históricas e ramificações no desenvolvimento e dinâmica sociais. Desde a sua composição como real conflito no confronto social em que forças e organismos se digladiam para a tomada de poder, passando pelas formas historicamente determinadas no interior do movimento intrínseco da sociedade moderna, tendo como elemento precípuo a formação do modo de produção constituído como capitalismo.


Justificativa
Partindo da conjuntura atual, tanto nacional como mundial, o Grupo CRÍTICA SOCIAL entende que a criação da Escola de Política torna-se imprescindível ao contexto social, uma vez que atender a uma demanda social, cuja conjuntura apresenta uma grande ruptura histórica no que concerne ao entendimento da Política na relação social de poder em que ora nos encontramos.
Não tem por escopo formar políticos profissionais e/ou de caráter institucional, visa, sobretudo, abranger uma formação capaz de aprofundar crítica e teoricamente o problema que sempre esteve no âmago das questões sociais – Política.
O Grupo CRÍTICA SOCIAL considera de extrema relevância o papel da construção teórica no que tange à Política, uma vez que a teoria é um ato político, desde que em consonância dialética com a realidade social e suas implicações no campo da ação Política. Isto significa que o Grupo CRÍTICA SOCIAL aponta para uma grande lacuna, do ponto de vista político, a saber, o vácuo teórico que tem impregnado esferas da sociabilidade, criando a tão perigosa incineração da História, apagando toda e qualquer crítica no espectro das forças sociais e políticas que atuaram no passado e que trouxeram grandes problemas no ordenamento jurídico e político de nossa sociedade.
Cada vez mais as noções e as práticas políticas se distanciam da formação mais comprometida e necessária aos tempos atuais, uma vez que de um lado, as instâncias sociais têm negligenciado a formação política do ponto de vista teórico mais abrangente. Por outro lado, a Política ocorre mesmo à revelia da vontade de quem se dispõe a pensá-la e entendê-la na ordem da práxis social. As forças sociais não deixam de articularem organicamente em torno de seus interesses, que encontram na arena do político e da sociabilidade, as condições para agirem e serem, por conseguinte, compelidas ao confronto.
Grupos políticos, partidos, sindicatos, organizações sociais, movimentos sociais, a dinâmica social não pede licença, nem espera que os cidadãos a apreendam para terem de atuar no próprio processo – ele ocorre sem que tenhamos o controle das ações políticas.
Eis um escopo de grande envergadura, isto é, o que apreender esses movimentos à luz da crítica e do arcabouço teórico que nos dá a sustentação para avançarmos nas leituras que são necessárias à nova conjuntura que se nos apresenta.
No entanto, a consciência histórica tem sido esgarçada no processo social. Mudanças em níveis da vida, como o trabalho, a produção, a justiça, o comportamento, a estrutura dos governos, os conflitos internacionais por mais energia, terrorismos, separatismos, meios de comunicação, etc., têm nos dado uma realidade que requer olhares atentos e perspicazes.
Anos de despolitização criaram um vazio político que gera formas de reprodução históricas de experiências sociais passadas, nos dando, na verdade, não um avanço do ponto de vista da evolução social e crítica da sociedade, ao contrário, temos visto, continuamente, as mesmas fórmulas, os mesmos embates, as mesmas contendas políticas pelas mesmas forças de poder e de domínio social e material.
Mas a política na sociedade industrial, natureza fundamental da sociedade produtora de mercadorias, parece ter levado a uma espécie de hegemonia do não-conflito, em que as condições de produção se tornam mais fundamentais que o conflito engendrado pela própria Política. As forças de produção no atual estágio da sociedade alteraram as relações de poder, mudaram as condições de enfrentamento político, transformaram as formas de trabalho, mas não modificaram o modo de exploração e a “condição do explorado” (Marcuse, 1973, p. 43) e mais,

Ora, é precisamente essa nova consciência, esse “espaço interior”, o espaço para a prática histórica transcendente, que está sendo barrado por uma sociedade na qual tanto os sujeitos como os objetos constituem instrumentos num todo que tem a sua razão nas realizações de sua produtividade cada vez mais poderosa. (Marcuse, 1973, p. 42)

E nesse sentido, Marcuse alerta para a seguinte questão, que ainda mais prevalece.
Na esfera política, essa tendência se manifesta em marcante unificação ou convergência de opostos. O bipartidarismo na política externa se sobrepõe a interesses competitivos de grupos sob a ameaça de comunismo internacional e se estende à política interna, onde os programas dos grandes partidos se tornam cada vez mais indeferençáveis, até mesmo no grau de hipocrisia e no odor dos chavões. Essa unificação dos opostos se abate sobre as próprias possibilidades de transformação social onde abrange as camadas sobre cujos ombros o sistema progride – isto é, as próprias classes cuja existência antes personificava a oposição ao sistema como um todo. (Marcuse, 1973, pp. 38-39)

Herbert Marcuse já observava há mais de 40 anos a tendência do processo político a uma mesma condição de controle hegemônico das forças sociais em cujo embate na arena do poder se esvaziava a olhos vistos. Toda a questão do agir político se reveste de uma espécie de hegemonia em torno de um núcleo de poder real de realização, em torno do qual gravitam inúmeros grupos cuja luta política consiste em arrancar desse núcleo, direitos, conquistas e nacos do poder para a realização de seus projetos mais urgentes.
O processo de unificação das tendências político, no contexto social em sua dinâmica, tem como efeito o emergir de forças políticas que se tornam aparentemente antagônicas e socialmente opostas, mas lutam para manterem, não mais um antagonismo, mas, sobretudo, o espectro de um modelo que abrange todas as instâncias sociais, como metacultura das relações sociais. É neste caldo social que a ESCOLA DE POLÍTICA surge como um campo de formação mais aprofundada da questão e do problema do Político como um estatuto social e histórico.
Especialmente os jovens e os educadores têm tido uma visão e práticas muito distantes das condições reais da política, uma vez que são levados a reboque pelas próprias estruturas de poder que se movem de forma alienadora. Em outra mão, podemos observar que a Política real, ou o concreto real dessa forma social, é vista e até ensinada de modo abstrato, relativamente distante das reais condições em que se apresenta no cotidiano, em que não se trata apenas de uma espécie de desmoralização da Política, imaginando que se trata apenas de um componente que pertence a partidos e agentes políticos profissionais.

Objeto de Estudo
A Política como forma do conflito social entre grupos determinados, não apenas na disputa de discursos ou ideias, mas com seus interesses históricos, fundados no modo de produção material, nas relações culturais imbricadas nesse processo, cujo proposito é influenciar as ordens materiais, culturais e abstratas do mundo social. O Político como problema a ser criticamente desvendado, cujo ponto de partida que alicerça o Objeto de Estudo concentra-se na teoria do valor, em cujo arcabouço se encontra no pensamento e na crítica econômica marxiana, com seus desdobramentos históricos – no que podemos denominar de crítica radical da sociedade produtora de mercadorias. Em outras palavras, o problema do Político, não como forma ontológica, mas como desenvolvimento social, terá na sociedade produtora de mercadorias o seu ponto de chegada e crítica. Trata-se de um estudo em conjunto, uma proposta de uma aventura teórica, responsável, sobre as questões da Política.

Objetivos do Estudo
Apresentação da teoria do valor e o modo de produção socialmente determinado.
A Política como condição de realização do modo de produção.
As faces da política e os embates das forças de poder.
O Estado-nacional e sua reciprocidade no modo de produção com o processo político contemporâneo.
A Política no âmbito da cultura.
As forças sociais institucionais e não institucionais e seu confronto na centralidade da sociedade das mercadorias.
A crise do capitalismo e o desmonte da política institucional.

Metodologia
Organização da formação em oito blocos de seminários em forma de minicursos.
Aulas presenciais, com duração de quatro horas-aula.
Utilização de recursos diversos para a formação:
Vídeos; Material Didático; Projeção de Conteúdos; Dinâmicas de Grupo; Reuniões de Discussão Aberta.

Emissão de certificado de participação aos inscritos na Escola de Política, emitido pelo CEFIL – Centro de Estudos de Filosofia, organismo vinculado à UFVJM e cadastrado no CNPq como grupo de pesquisa.

Duração dos seminários
10 (dez) semanas, com minicursos oferecidos aos sábados.
Duração do minicurso: 4 horas-aula; das 8:30 às 12:30, com 20 minutos de intervalo.
A cada semana, a realização de um seminário, conforme o conteúdo programático e o cronograma da Escola de Política.
Os seminários serão estendidos no prazo de 2 (dois) meses e meio

Conteúdo Programático

Primeiro seminário
Apresentação da teoria do valor
Implicações no conteúdo da forma social da mercadoria
Condições de realização da forma valor
Implicações no âmbito Político

Segundo Seminário
Questões de Política
A forma social da política
Condições de luta entre grupos de interesses

Terceiro Seminário
As formas históricas do Estado-nacional contemporâneo e o movimento geopolítico
Política, Estado-nacional, Governo
As etapas do liberalismo – as etapas do capitalismo

Quarto Seminário
Formas de organização político-econômico-social: as consequências do processo político no Estado: Democracia Liberal, Socialismo, Comunismo, Fascismo, Nazismo, Anarquismo, Neoliberalismo

Quinto Seminário
Lutas Políticas: organização política urbana e rural
Sindicalismos, Organizações Políticas, Movimentos Sociais, Partidos
Política e Religião

Sexto Seminário
Política e Meios de Comunicação
Globalização: ideologia do movimento do capital, realinhamento estrutural, matriz energética,
Estruturas Políticas transnacionais
Os Estados-nacionais em crise: A ficção dos Estados-nacionais e seu desmonte estrutural

Sétimo Seminário
Política e Cultura
Política e Arte
Política e Pós-Modernidade: a estrutura de poder como dominação ideológica de uma nova leitura cindida da realidade do capitalismo

Oitavo Seminário
Colapso da forma histórica do valor
Política para além da Política
Debate com o Grupo CRÍTICA SOCIAL

Nono Seminário
Discussão de ideias
Debate com o grupo CRÍTICA SOCIAL
Proposta de Projetos

Décimo Seminário
Avaliação das atividades
Apresentação de esboços de projetos
Orientação inicial

Carga Horária
Carga Horária do Curso Presencial
60 horas-aula

Carga Horária do Curso com apresentação de texto
100 horas-aula

Publicação
O Grupo CRÍTICA SOCIAL apresenta também a proposta de uma publicação com os trabalhos de alunos e docentes e seus projetos de pesquisa, a fim de que passem a constar de um processo contínuo de formulação de ideias e articulação de pesquisa para os anais da ESCOLA DE POLÍTICA.

Proposta de Cronograma

08 de agosto de 2015 Primeiro Seminário
15 de agosto de 2015 Segundo Seminário
22 de agosto de 2015 Terceiro Seminário
29 de agosto de 2015 Quarto Seminário
12 de setembro de 2015 Quinto Seminário
19 de setembro de 2015 Sexto Seminário
26 de agosto de 2015 Sétimo Seminário
3 de outubro de 2015 Oitavo Seminário
17 de outubro de 2015 Nono Seminário
24 de outubro de 2015 Décimo Seminário

Organização Interna da ESCOLA DE POLÍTICA
O Grupo CRÍTICA SOCIAL ficará encarregado de organizar a estrutura da ESCOLA DE POLÍTICA, uma vez que será de sua responsabilidade a condução e o desenvolvimento das atividades da Escola. Inicialmente, serão propostas três Coordenadorias que se encarregarão da organização e administração das atividades propostas pelo Grupo CRÍTICA SOCIAL. São estas as coordenadorias.

Coordenação Geral e Secretaria
Será responsável pela estrutura financeira, organização geral dos seminários, responderá pela ESCOLA DE POLÍTICA, fornecerá os certificados aos participantes dos seminários. Organizará o calendário de atividades, desenvolverá institucionalmente a ESCOLA DE POITICA, responderá pelas ações institucional e publicamente.

Coordenação de Formação e Conteúdos Programáticos
Responderá pelos conteúdos dos blocos de seminários, atenderá às necessidades dos alunos, comporá o quadro de professores-articuladores da ESCOLA DE POLÍTICA, responderá pelos elementos pedagógicos dos seminários. Além de propor os eixos temáticos, as abordagens e desenvolvimento de pesquisas relativas aos conteúdos dos seminários.

Coordenação de Comunicação e Infraestrutura
Responsável pela comunicação em geral, divulgação da ESCOLA DE POLÍTICA, contatos, parcerias. Responderá pelas condições materiais da ESCOLA, pela realização e manutenção física dos seminários e minicursos a serem realizados. Promoverá a divulgação nos vários organismos sociais para a contínua aplicação das ações da ESCOLA DE POLÍTICA.

Referência Bibliográfica utilizada nesta Proposta

MARCUSE, Herbert. A ideologia da sociedade industrial. 4. ed., Tradução de Giasone Rebuá, Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1973.

Mogi das Cruzes, junho de 2015

Atanásio Mykonios
Coordenador do Grupo Crítica Social
Líder no CNPq do Grupo de Estudos CEFIL
Professor da UFVJM
SIAPE 1717176

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