A Resposta do Estado

A Resposta do Estado

Hoje o maior problema da educação pública não é o sucateamento, por mais duro que seja o impacto dos cortes orçamentais, ou mesmo uma metodologia “x” ou “y” que conceda maior suporte ao desenvolvimento das crianças e jovens, mas sim um sistema vertical, preestabelecido por fora e homogenizador, que engessa e automatiza todo o ambiente escolar, impede a apropriação dos espaços e impossibilita o surgimento do protagonismo dos agentes internos da escola; o que hoje chamamos de educação nada mais é do que um espaço geográfico desprovido de uma “cabeça pensante”, um “corpo desmiolado” que acima de tudo nos ensina a viver desorganizadamente em sociedade, o que, sem dúvida, é o elemento mais importante para perpetuação do “status quo”.E finalmente esse problema começa ganhar a luz do dia, graças ao movimento que parte dos secundaristas, atingindo toda a sociedade, e repensando a ocupação e apropriação dos espaços públicos, o que imediatamente coloca em cheque o papel das instituições, principalmente da escola. Desta forma, mesmo que ainda em curso, é possível afirmar que as ocupações já são de maior importância e impacto na sociedade do que a própria reorganização da rede pública; é um movimento que se sobrepõe à própria pauta, talvez o primeiro herdeiro dos controversos eventos de junho de 2013 que, sem dúvida, deixará uma herança incalculavelmente maior.

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A resposta do Estado para como devemos nos comportar em uma sociedade, precisa ser colocada em cheque, juntamente a todos os processos e instituições que o compõem. É preciso construir respostas autônomas, orgânicas e horizontais, repostas que não empurrem comunidades para formas rígidas, mas que nasçam com o formato das comunidades e se repliquem conforme a efetividade. Precisamos aprender a errar, ou do contrário viveremos sempre deslocados perante uma verdade pré-fabricada, que nos afasta uns dos outros e do palco social.

Curiosamente, quando falamos em ir além do “Estado”, da necessidade da livre iniciativa, recorremos ao “mercado”, sem nos darmos conta da relação indissociável dos dois. Logo, a construção de novas respostas que rompam com os modelos atuais, requer o questionamento do coração pulsante da nossa sociedade capitalista: a produção de mercadoria. Críticas restritivas e respostas pontuais e isoladas se chocarão e serão esmagadas do contrário. É evidente que o atual papel da escola não é formar pessoas dotadas de senso crítico, capazes de repensar e reorganizar a sociedade, mas não mais do que formar mão de obra funcional, uma classe trabalhadora que seja incapaz de sobreviver que não por meio das instituições e do mercado. Será a “boa educação” aquela que permite ao educado ser explorado por um salário melhor? Ter por meio do consumismo, acesso a mais recursos materiais, produzidos com a degradação do meio ambiente e sociedade? Embarcar de primeira classe nesse avião em queda livre que chamamos de sociedade?!

Píi, grupo Crítica Social, dezembro de 2015.

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